segunda-feira, abril 09, 2007

Travis Charest


Star Wars: Legacy #14

Este senhor é daquelas coisas que não se percebem... É um dos melhores ilustradores de BD do nosso tempo mas passa quase despercebido entre tantos outros porque não cedeu á tentação de se fazer popular usando imagens excessivamente sexualizadas e com uma atenção à caracterização das personagens inversamente proporcional à quantidade de roupa que têm vestida.
Parece que já passou a pior época, aquela em que qualquer badameco que soubesse pegar num lápis tinha o seu nome associado a um grande título de BD e tudo resultava inevitavelmente numa autêntica vergonha de obras e desperdício de dinheiro para quem comprasse os títulos. Prova disso foram os anos 90 e o surgimento da 'Image', uma grande 'fanfarronice' que basicamente assentava no facto de os seus fundadores terem se tornado em estrelas instantâneas no mundo dos comics e de onde apenas meia dúzia saíu com a cabeça erguida depois de umas quantas peixeiradas e da grande crise originada pela falta de qualidade das histórias e personagens descartáveis.
E se bem que a herança da 'Image' não seja grande, pelo menos de lá saíram dois ou três talentos que tiveram a oportunidade de crescer e amadurecer enquanto aquilo durou.

New Horizons - WildCORE #1

Travis Charest foi com certeza um deles e o seu traço 'europeu' ganhou-lhe fãs e imitadores leais, particularmente devido à sua atenção ao detalhe e ao seu uso de métodos tradicionais quando trabalha numa peça. O problema dele é basicamente o tempo; não é de modo nenhum rápido a trabalhar mas percebe-se o porquê - alguém como Charest só pode limitar-se a álbuns que levam anos e muita dedicação a fazer (exemplo disso é Dreamshifters, projecto onde se limitou a completar 12 páginas antes de ser afastado pelos editores depois de estar 6 anos envolvido no projecto) ou à ocasional capa.

Dreamshifters


A sua tentativa de ser um ilustrador de um título mensal falhou ao fim de 4 ou 5 números quando se aventurou na recauchutagem dos 'Wildcats'. Era muito superior ao que se faz por aí, mas apresentar trabalho mensalmente parece que não combina com Charest e a sua tendencia para ser picuinhas em cada um dos seus traços. Richard Friend, o 'inker' que mais trabalhou com Charest é um dos melhores e não podia haver melhor parceria neste projecto de tão curta duração.


Wizard # 91

O mais ‘regular’ que alguma vez o vi ser é no seu ‘online comic’ Spacegirl, uma única tira de vez em quando, mas mais frequentemente que qualquer outra coisa que o vi fazer. É fabuloso e prefiro-o a qualquer outro tipo de online comic porque é feito á mão e não com uma tablet.

Spacegirl #8


Charest é muito versátil e qualquer das suas peças é sempre recebida com grande entusiasmo, mesmo sendo elas muito raras. Alguns aninhos deram-lhe maturidade e um estilo próprio inconfudível que hoje em dia, mesmo se nem todos o reconhecerem é, como já disse, repetidamente imitado. É este tipo de qualidade a que eu asprio um no dia em que me tornar eu mesma uma grande ilustradora.

quinta-feira, abril 05, 2007

Stasys Eidrigevicius


Depois de uma pequena aventura a pesquisar posters de cinema made in Polónia (aventura impulsionada por um post do Há vida em markl) descobri que entre várias maravilhas criativas relacionadas com a 7ªa arte, há também outras relacionadas com as artes cénicas que geram maravilhas ainda maiores.
Entre muitas obras e muito dos seus autores, destaco as de Stasys Edrigevicius porque são as que agora tenho na parede lá de casa depois de uma razia à impressora laser do emprego (eu sei, não se faz...).
Deixo ainda mais um nome, o de Wieslaw Walkuski que também me fez clicar repetidamente no botão direto do rato para salvar a imagem.
Aconselho a explorarem o mundo fantástico dos posters, já que dá origem a inúmeras criações excepcionalmente interessantes, que estão facilmente disponíveis para o grande público e que no fim é uma das mais democráticas formas de arte.

segunda-feira, abril 02, 2007

'Libarro World'

Bem.... isto é p'ra lá de estranho...
Um grupo de conservadores americanos decidiram fazer um comic chamado 'Liberty For All' (LFA) em que se imagina um cenário hipotético de como seria o mundo e os Estados Unidos caso o Presidente George W.Bush não tivesse levado a sua avante e imposto uma guerra ao seu próprio país, para não falar no Afganistão e no Iraque. Nele, Osama Bin Laden senta-se na Sala Oval quando visita o presidente e até é louvado pelos 'traidores' que não apoiaram a guerra quando ela era precisa (A França, a Alemanha, o Canadá e a Espanha) numa Assembleia das Nações Unidas (não vejo o Osama a por lá os pés, mas...)

Dentro deste comic se junta uma outra história de um grupo liberal constituído por candidatos à Presidência de 2008 (incluido Hillary Clinton, John Kerry, Dean Howard e Ted Kenneddy) que são 'duplicados' por um cientista louco(? - não sei explicar...) - o mais estranho é que as suas cópias são 'melhores' que os originais, pelo menos segundo os autores.

'Libarro World' é uma rip-off do nome 'Bizarro World', um mundo do Universo da DC onde há uma versão oposta de tudo, incluindo do Superhomem (apropriadamente chamado 'Bizarro'). Misturaram a palavra 'liberal' com 'bizarro' e é o que se vê (muito cheap na minha opinião).
Desde o famoso grito de Howard Dean, a acusação de vira-casacas de Kerry, a tendência para beber de Kennedy (convenientemente aqui foi esquecido que Bush também era um beberrolas) e uma maldade presistente em chamar Hillary Clinton de velha feminista ultrapassada, vale tudo. A mim deu-me vontade de rir tanto pontapé no escroto, especialmente quando a lógica falha tão redondamente... Os cognomes chegam a ser ridículos (clicar para ver 1º painel em pormenor- e os restantes também).


Pag.28
Pag.29
Pag.30
Pag. 31
Pag.32

Curiosidades...




Estava eu na IMDB a fazer uma pesquisa sobre o filme 300, baseado numa graphic novel do Frank Miller, que estreia esta semana -e que planeio ver logo que possível- quando reparei num pormenor engraçado acerca da sua classificação. Onde normalmente se lê o nome de um país e a idade mínima para assistir em salas de cinema ao filme em questão, destaca-se isto: ’Iran:(Banned)’. Como correspondia a um link, segui-o e achei uma página com alguns dos filmes/séries também banidos pelas autoridades do Irão. É curioso que sejam estas as escolhas (ou mais do que estas) e não outras, mas quem toma as decisões saberá o porquê desta lista em particular. Não me admirei com o 'Family Guy', aquela 'coisa' chamada 'Showgirsl' ou com alguns filmes controversos sobre como realmente é a vida no país dos mullah- perdão, ayatollah senão eles ofendem-se...- mas com o 'Pinocchio' do Benigni? Ou o 'Cowboy Bebop'?

Mais! ... este, que se chama 'Dark Crystal' é um filme do Jim Henson, pai dos marretas e as autoridades Iranianas aparentemente acharam que estes bonequinhos iam dar a volta à cabeça a algumas pessoas.

Quanto aos filmes 'banidos' em Portugal, considerando o período da ditadura, até nem foram assim tantos (10 ao todo, entre eles um do Buñuel e o muy famoso 'O último Tango em Paris' - que curiosamente não foi banido no Irão...). No novo período 'civilizado' da nossa história para além do episódio dos Pokemon que foi retirado em quase todo o mundo (Japão incluído) aparece um misterioso 'Hamtaro', um filme de animação sobre hamsters coloridos que, sabe-se lá porquê, foi excluído também.
Das duas uma: ou eles tiveram medo que mais monstrinhos japoneses em miniatura fritassem o cérebro aos putos ou então aliaram-se às autoridades Iranianas na luta contra os maléficos 'bonequinhos fofinhos'.